terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mais de 10 mil educadores marcham por 10% do PIB para a educação


Mais de 10 mil educadores marcham por 10% do PIB para a educação
A Campanha Nacional pelo Direito à Educação participa nesta quarta-feira, 26/10, da Marcha Nacional “10 mil pelos 10% do PIB para a Educação”, organizada pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação). A Marcha irá reunir pelo menos 10 mil educadores de todo o país em Brasília, para reivindicar o investimento do equivalente a 10% do PIB em educação pública, além de pressionar pela efetivação da lei do Piso Nacional Salarial para o magistério, entre outras pautas.
Os participantes se concentrarão às 9 horas em frente ao estádio Mané Garrincha e marcharão a partir das 10 horas até o Congresso Nacional.  A Confederação coletou mais de 100 mil cartões de apoio aos 10% do PIB para a educação, que serão entregues ao Deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), relator do PNE (Plano Nacional de Educação - PL 8035/2010) na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, em audiência marcada para as 11 horas.
Para Roberto Leão, presidente da CNTE, a pressão no Congresso e no Governo Federal é essencial para que a educação avance e os profissionais da área tenham seus direitos garantidos. “Consideramos essa Marcha decisiva para a aprovação dos 10% do PIB para a educação e para denunciar o não cumprimento do Piso Salarial pelos estados e municípios”.
Bloco da Campanha - Na Marcha, o grupo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação levará uma faixa do movimento “PNE pra Valer - a educação que o Brasil quer e precisa”. Irão compor o “bloco” estudantes de ensino médio do DF, pessoas com deficiência visual, ativistas de educação infantil e de outros movimentos sociais.  Segundo o coordenador geral da Campanha, Daniel Cara, “esta Marcha irá mobilizar o Congresso Nacional pelos 10% do PIB, já que o relatório final do novo Plano Nacional de educação está prestes a ser entregue”.
A Campanha mobilizou toda a sua rede de ativistas, formada por 20 comitês regionais e mais de 200 grupos e organizações de todo o país, para contribuir com a coleta de assinaturas da CNTE. Foram coletadas assinaturas em 17 estados e no DF, com participação de estudantes e professores universitários (USP - campus São Paulo e Ribeirão Preto, Uninove), ativistas de diversas organizações sociais, como  Um Teto Para o Meu País, Fundação Abrinq, Ação Educativa, Aliança pela Infância, Instituto Paulo Freire, Instituto Ecos e Movimento Ocupa Sampa, Biblioteca Braille Dorina Nowill, Escola Pernambucana de Circo, Nova América, Escola de Gente, Instituto Cidadania, Cedeca Ceará, Inesc e Plan Brasil, entre várias outras.
Em agosto, a Campanha lançou a Nota Técnica "Por que 7% do PIB para educação é pouco? Cálculo dos investimentos adicionais necessários para o novo PNE garantir um padrão mínimo de qualidade", que justifica a aplicação do equivalente a 10% do PIB em Educação, para que as metas do novo PNE possam ser atingidas no período de dez anos.

Para mais informações
Jéssica Moreira - assessoria de imprensa da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Tel.: (11) 3159-1243 (fixo Embratel) / (11) 8793-7711 (celular Tim)
E-mail: jessica@campanhaeducacao.org.br

sábado, 22 de outubro de 2011

XXVII Encontro Nacional do MIEIB e II Encontro Estad ual de Educação Infantil da Bahia em Salvador 15 a 18 nove mbro 2011

Logo MIEIB.jpg
CONVITE
         O Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB) e Fórum Baiano de Educação Infantil (FBEI) convidam você para participar do XXVII Encontro Nacional do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB)/II Encontro Estadual de Educação Infantil da Bahia, que será realizado em Salvador/BA, no período de 15 a 18 de novembro de 2011.  Contamos com a sua presença. Participe e divulgue!
Até lá!

sábado, 15 de outubro de 2011

FELIZ DIA DAS/OS PROFESSORAS/ES


Ser professor é professar a fé e a certeza de
que tudo terá valido a pena se o aluno sentir-se feliz
pelo que aprendeu com você e pelo que ele lhe ensinou...

Ser professor é consumir horas e horas pensando
em cada detalhe daquela aula que, mesmo ocorrendo
todos os dias, a cada dia é única e original...

Ser professor é entrar cansado numa sala de aula e,
diante da reação da turma, transformar o cansaço
numa aventura maravilhosa de ensinar e aprender...

Ser professor é importar-se com o outro numa
dimensão de quem cultiva uma planta muito rara que
necessita de atenção, amor e cuidado.

Ser professor é ter a capacidade de "sair de cena,
sem sair do espetáculo".
Ser professor é apontar caminhos, mas deixar que
o aluno caminhe com seus próprios pés...

Feliz dia dos professores!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sobre proteção à infância

Sobre proteção à infância

Link para comentários:
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3271974


meninas-felizes.blogspot.com

O filho de Pilar e Daniel Wainberg foi batizado à beira-mar.
 E no batizado, ensinaram a ele que é sagrado.
Recebeu caracol.
- Para que aprenda a amar a água.
Abriram a gaiola de um pássaro preso:
- Para que você aprenda a amar o ar.
Deram a ele uma flor de gerânio:
- Para que você aprenda a amar a terra.
E deram também uma garrafinha tampada:
- Não abra nunca, nunca. Para aprender a amar o mistério.
                                          Janela sobre a chegada - Eduardo Galeano


No horizonte da modernidade, da competição desenfreada, do culto ao deus mercado, nossas crianças pouco aprendem do respeito e do amor pela água e pelo ar, fontes de vida e liberdade.
Na desatenção ao dia a dia, nossas crianças pouco aprendem do cuidado e do amor pela terra, nossa casa e berço da nossa ancestralidade.
Na correria pelo TER, nossas crianças pouco aprendem do amor ao mistério, do encanto da poesia e da beleza da música, fontes de inspiração e conexão com o transcendente.
No afã dos modismos, nossas crianças pouco aprendem do reconhecimento e do respeito pela sabedoria dos mais velhos, sobre o amor e o respeito às brincadeiras de esconder, de imaginar e de sonhar mundos impossíveis.
No aligeiramento das vivências, nossas crianças pouco aprendem sobre o amor e o respeito ao sagrado da vida, que é a própria vida.
Cabe a todos e a cada um a responsabilidade de proteger o que ainda resta de infância das nossas crianças.
Cabe a todos e a cada um amar e respeitar o que o que ainda resta de infância dentro de nós.

Aracaju-SE, Manhã de 12 de outubro de 2001



Edna Lopes
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=24584

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!!! Elas são o Futuro de nossa Nação!!!



Nas mãos das crianças o mundo vira um conto de fadas,
porque na inocência do sorriso infantil,
tudo é possível, menos a maldade.
Crianças são anjos,
são pedaços de Deus que caíram do céu para nos trazer a luz viva
que há de fazer ressuscitar a verdade que vive escondida em cada um.
De braços abertos a criança não cultiva inimigos,
sua tristeza é momentânea.
De olhos abertos a criança não enxerga o feio, o diferente,
apenas aceita o modo de ser de cada um que lhe dirige o caminho.
De ouvidos atentos a criança gosta de ouvir tudo
como se os sons se misturassem formando uma doce vitamina de vozes,
vozes que ela pode imitar, se inspirar para crescer.
Questionando, brincando, a criança está sempre evoluindo,
achando esse mundo um Paraíso,
mas a criança sabe no seu interior o que é o amor
e quer sugá-lo como se fosse seu único alimento,
não lhe dê uma mamadeira de ódio,
pois com certeza sua contaminação seria fatal e inesquecível.
Criança me lembra: cor, amor, arco-íris, rosas,
doce de brigadeiro,
tintas das cores: vermelha, laranja, azul, amarelo;
me lembra cachoeira, pássaros, dia de festa.
Ser criança é estar de bem com a vida,
é ter toda a energia do Universo em si.
Feliz Dia DAs Crianças!

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!!! Elas são o Futuro de nossa Nação

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Doze anos de Campanha Nacional pelo Direito à Educação

 
Doze anos de Campanha Nacional pelo Direito à Educação
Hoje, 5 de outubro de 2011, Dia Mundial do Professor, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação completa 12 anos. 
Fundada em 1999, a criação da Campanha foi impulsionada por um conjunto de organizações da sociedade civil que participaria da Cúpula Mundial de Educação em Dakar (Senegal), no ano seguinte. O objetivo era somar diferentes forças políticas para demandar o cumprimento de compromissos e metas nacionais e internacionais na área da educação. 

Hoje é considerada a articulação mais ampla e plural no campo da educação básica no Brasil, constituindo-se como uma rede que articula mais de 200 grupos e entidades distribuídas por todo o país, incluindo movimentos sociais, sindicatos, organizações não-governamentais nacionais e internacionais, fundações, grupos universitários, estudantis, juvenis e comunitários, além de centenas de cidadãs e cidadãos que acreditam na construção de um país justo e sustentável pela garantia, entre outros, do direito à educação pública de qualidade. 

Fundeb pra Valer! Em outubro de 2007, a Campanha recebeu do Congresso Nacional, por iniciativa da Câmara dos Deputados, o prêmio Darcy Ribeiro, por sua bem-sucedida atuação de incidência política no processo de criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação). 

Anteontem, 3 de outubro de 2011, foi lançado em Natal/RN, na 34ª Reunião Anual da Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) o livro “Fundeb, federalismo e regime de colaboração”, do doutor em educação Paulo de Sena Martins, consultor legislativo concursado da Câmara dos Deputados. Em seu texto, Paulo Sena afirma que “em vez da predominância política do triângulo de ferro (governo, burocratas e grupos de interesse, em processo fechado de decisão) como ocorreu na discussão do Fundef, [na criação do Fundeb] tomou lugar o protagonismo das redes sociais, em grande medida articuladas pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que liderou o movimento ‘Fundeb pra Valer!’ e deu espaço ao ‘submovimento’ dos ‘fraldas pintadas’, que reclamavam a inclusão das creches.” 

Entre outras conquistas, a incidência da Campanha Nacional pelo Direito à Educação foi determinante para garantir o aumento da participação financeira da União no Fundeb e para a inclusão das creches no fundo, o que já hoje permite atender milhões de crianças brasileiras. 

Coneb, Conae e FNE. Entre todas as grandes áreas sociais, apenas a educação não teve qualquer tipo de conferência durante o primeiro mandato do presidente Lula (2003-2006). Como uma das principais vozes da sociedade civil que exigiam a realização dessas conferências, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação foi membro titular das comissões organizadoras da Coneb (Conferência Nacional de Educação Básica) e da Conae (Conferência Nacional de Educação). Na Coneb coordenou o eixo "Construção do regime de colaboração entre os sistemas de ensino, tendo como um dos instrumentos o financiamento da educação". Já na Conae a rede coordenou o eixo “Financiamento da educação e controle social”. 

Com participação destacada nas duas conferências educacionais, fundamentada em argumentos técnicos e força de mobilização, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação conseguiu aprovar, – graças aos seus Comitês Regionais –, praticamente todas as emendas que apresentou às etapas subnacionais (municipais e/ou estaduais/distrital). Alicerçada por esse esforço coletivo, em articulação com seu Comitê Diretivo, a rede foi determinante nos conteúdos conclusivos dos documentos finais tanto da Coneb, quanto da Conae. 

Em 15 de dezembro de 2010, em solenidade com o então presidente Lula, a Campanha foi confirmada como uma das fundadoras do Fórum Nacional de Educação, ocupando uma cadeira de titular. 

PNE pra Valer! Diante de um projeto tímido de Plano Nacional de Educação, apresentado em dezembro de 2010 pelo Executivo Federal ao Congresso Nacional, apenas três horas após a divulgação da proposta do projeto de lei, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação apresentou uma primeira leitura crítica ao PL 8035/2010, que trata do segundo PNE após a redemocratização do Brasil.( veja aqui) 

Em fevereiro de 2011, a Campanha foi pioneira ao apresentar um primeiro conjunto de emendas à proposta de PNE do executivo federal.(veja aqui) 

Replicadas e repetidas por diversos parlamentares, de todos os matizes ideológicos, as 101 emendas da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, concluídas em maio de 2011, representam cerca de 31% das 2915 emendas ao PL 8035/2010. 

Graças à capacidade propositiva da rede, à representatividade de seu Comitê Diretivo e à força mobilizadora de seus Comitês Regionais, a Campanha esteve presente na grande maioria das audiências públicas que debateram o PNE, tanto no Congresso Nacional como nas Assembleias Legislativas. 

Com tradição na luta pelo financiamento adequado da educação no Brasil, em agosto de 2011, durante seu 7º Encontro Nacional, a Campanha lançou a Nota Técnica “Por que 7% do PIB para a educação é pouco? Cálculo dos investimentos adicionais necessários para o novo PNE garantir um padrão mínimo de qualidade”. 

Para os próximos dias, a rede aguarda a divulgação do relatório substitutivo do relator Angelo Vanhoni (PT-PR) ao PL 8035/2010. Com a mesma determinação, manterá sua vigilante e propositiva ação de incidência no processo de tramitação do novo PNE. 

Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi). Em 2007, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação concluiu uma de suas grandes contribuições para repensar o financiamento da educação no Brasil. Naquele ano, publicou o livro Custo Aluno-Qualidade Inicial, resultado de um estudo inédito conduzido pela Campanha desde 2002. 

A partir de insumos como remuneração digna de profissionais, número adequado de alunos/crianças por turma, equipamentos e materiais didáticos, entre outros, o CAQi aponta quanto deveria ser investido por aluno de cada etapa da educação básica para que o Brasil comece a oferecer uma educação com um patamar mínimo de qualidade para seus alunos e alunas. 

O CAQi propõe uma inversão da lógica que hoje rege a definição dos orçamentos públicos para educação no país, pois parte do que é necessário para garantir uma educação com um patamar inicial de qualidade, e não do que está disponível em termos de orçamento. 

A Campanha obteve uma importante conquista em 5 de maio de 2010, quando o CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou a Resolução 8/2010, que normatiza os padrões mínimos de qualidade da educação básica nacional de acordo com o CAQi. A resolução resulta do Termo de Cooperação firmado entre a Câmara de Educação Básica do CNE e a Campanha em 5 de novembro de 2008, o primeiro estabelecido entre o Conselho e uma rede da sociedade civil. A Resolução aguarda homologação do ministro da Educação, Fernando Haddad. 

Diversas emendas sobre o CAQi foram aprovadas nos documentos finais da Coneb (Conferência Nacional de Educação Básica, 2008) e da Conae (Conferência Nacional de Educação, 2010). Entre as 101 emendas da Campanha ao novo PNE, diversas determinam o CAQi como a principal referência para o financiamento da educação. 
O CAQi também vem sendo a base para a construção de estudos semelhantes em países como Nigéria, Peru, Argentina, Colômbia e Índia. 

No Brasil, além de aprová-lo no novo PNE, o próximo passo é calcular o Custo Aluno-Qualidade Inicial da Educação em Tempo Integral. 

Amicus Curiae em defesa do Piso no STF. Em novembro de 2008, a Campanha, junto com um grupo de entidades, enviou uma petição Amicus Curiae ao Supremo Tribunal Federal para rebater os argumentos usados na Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada pelos governadores do Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina contra a lei que criou piso salarial para professores da educação básica pública (11.738/2008). 

O documento da sociedade civil, apresentado com sustentação oral, forneceu elementos para que os ministros do STF decidissem favoravelmente à implementação do piso, uma vez que seu propósito é o promover a melhoria da qualidade do ensino por meio da valorização docente, enfrentando as desigualdades de oportunidades educacionais que caracterizam o sistema escolar brasileiro. 

Articulação internacional. Por meio de diversas ações, a partir de 2003, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação estimulou a criação da Clade (Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação), da qual é fundadora e membro do comitê diretivo. Também participou da fundação da CGE (Campanha Global pela Educação) e integrou sua direção entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2011. 

Atualmente, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação lidera um programa de cooperação Sul-Sul com os países africanos lusófonos (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). O objetivo é fortalecer a incidência política por direito à educação nos países participantes e criar a ReLus (Rede Lusófona pelo Direito à Educação), com o lema, parafraseado do poeta Fernando Pessoa, “Nossa Pátria é Nossa Língua”. 

Todas as conquistas da Campanha Nacional pelo Direito à Educação são fruto de uma história escrita cotidianamente por milhares de brasileiros e brasileiras que acreditam na escola pública e nela atuam. É uma história de quem tem visão crítica capaz de perceber e denunciar os problemas da educação brasileira, mas também tem a coragem de propor caminhos e alternativas que garantam a universalização dos direitos educacionais, de forma plena e integral. 

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação se orgulha também de ser herdeira do pensamento e da ação de tantos outros sujeitos individuais e coletivos que a antecederam e que a inspiram. 

Parabéns, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, por seus 12 anos!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mesa sobre PNE na Anped discute financiamento, participação e avaliação na educação brasileira

 
Mesa sobre PNE na Anped discute financiamento, participação e avaliação na educação brasil

A sessão sobre o PNE (Plano Nacional de Educação) realizada na noite desta segunda-feira (3/10), na 34ª Reunião Nacional da Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), em Natal/RN, tratou de pontos centrais que preocupam pesquisadores e sociedade civil organizada quanto ao projeto de lei 8035/2010 (novo PNE).
Sob o tema “Por um PNE como política de Estado: as vozes da sociedade organizada”, a mesa teve exposições de Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, de Francisco das Chagas Fernandes, secretário adjunto do MEC e coordenador do FNE (Fórum Nacional de Educação) e do presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação), Antonio Carlos Caruso Ronca. O professor Luiz Dourado (UFG) coordenou os trabalhos, que tiveram a presença de cerca de 100 pessoas.
Financiamento adequado, o primeiro passo – Em sua exposição, Daniel Cara explicitou porque a aplicação do equivalente a 7% do PIB (Produto Interno Bruto) em educação, conforme consta da proposta do Poder Executivo, não é suficiente para cumprir o novo PNE. “É necessário trabalho conjunto entre os entes federados para o alcance de algumas metas. Por exemplo, para garantir a expansão do atendimento em creches [meta 01] é preciso contribuição da União, pois os municípios sozinhos não conseguiriam cumprir essa meta. Isso sem falar que a proposta do MEC não considera recursos adicionais para garantir a ampliação do atendimento de EJA [educação de jovens e adultos] e da educação especial, ou na nossa perspectiva, da educação inclusiva”, disse.  
Daniel mostrou os cálculos feitos pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação na nota técnica Por que 7% do PIB para a educação é pouco? Cálculo dos investimentos adicionais necessários para o novo PNE garantir um padrão mínimo de qualidade, que revelam que seriam necessários recursos adicionais da ordem de R$ 170 bilhões para cumprir o novo PNE, e não os cerca de R$ 62 bilhões calculados pelo MEC. E apontou ainda várias possibilidades de fontes para esses recursos, como a taxação de grandes fortunas, com destinação de 18% desses recursos para educação, elevação da participação da União na complementação ao Fundeb para 20% e destinação para a educação de 5% dos dividendos do governo federal auferidos via lucro das estatais, entre outras medidas. “Essa última proposta foi criticada em editorial de um domingo de um grande jornal paulista, pois reverte para a educação a fonte de financiamento para pagamento dos injustos serviços da dívida. Portanto, isso significa que a proposta é boa, ousada e viável, caso contrário, seria ignorada”. Ele afirmou que apenas recursos financeiros não são suficientes para melhorar a qualidade da educação no Brasil. “Financiamento é condição necessária, mas não suficiente. Desse modo, sem os recursos adequados, não será possível garantir o direito à educação pública de qualidade para todas as cidadãs e cidadãos em território nacional”, concluiu.
Para Ronca, aumentar o financiamento de 5% para 7% do PIB é claramente insuficiente. “Temos que aproveitar o momento aquecido da economia brasileira para superar a lentidão que nos caracteriza. Muito foi feito, mas a velocidade precisa aumentar. Educação ainda não tem o sentido de urgência, apesar dos avanços dos últimos anos”.
Lei de Responsabilidade Educacional e privatização – Um ponto levantado pela audiência e que se relaciona diretamente com as políticas de financiamento foi a LRE (Lei de Responsabilidade Educacional). Daniel lembrou que a proposta de LRE advinda da Conae foi totalmente descaracterizada no projeto de lei enviado pelo MEC ao Congresso Nacional. “Na Conae propusemos uma LRE que enfrenta a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e determina a participação e a responsabilidade de cada ente federado na composição financeira do investimento em educação. Além disso, coloca o gestor da educação como gestor dos recursos da área. Só após tudo isso ser feito, há previsão de sanções administrativas para quem não cumprir metas”, explicou.      
Ronca utilizou o exemplo dos Estados Unidos, onde, segundo ele, a LRE tem mais de mil artigos e permite o fechamento ou a privatização de escolas públicas que não atinjam certas metas. “É preciso muito cuidado porque hoje já vivemos um processo de privatização da escola pública, com redes comprando assessorias e materiais didáticos de empresas”.
Nesse sentido, Daniel ressalta que o PL 8035/2010, tal qual foi enviado pelo Poder Executivo, contraria as deliberações da Conae ao estimular parcerias público-privadas, especialmente quando propõe estímulo ao conveniamento na educação infantil e a expansão do ensino profissionalizante e superior privado.
Para o professor Luiz Dourado, o estímulo à privatização na educação está em pleno curso. “Em pronunciamento recente, o ministro Fernando Haddad falou em FIES [Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior] para subsidiar a realização de mestrados e doutorados por professores da educação básica, o que significa financiamento público para cursos privados de pós-graduação”, alertou.
Participação social e regime de colaboração no PNE – Um dos pontos abordados pelos palestrantes foi a participação social na elaboração do Plano e, posteriormente, no acompanhamento de sua implementação. Na opinião do professor Antonio Ronca, é preciso avaliação social do PNE como política de estado de médio prazo, o que exige fortalecimento de órgãos colegiados, instâncias e mecanismos de participação social e gestão democrática, em um contexto de tradição democrática muito recente no Brasil. 
Para Francisco das Chagas, o processo das conferências de educação iniciado em 2008 com a Coneb (Conferência Nacional de Educação Básica) e que culminou com a Conae (Conferência Nacional de Educação) em 2010 proporcionou intensa participação social na discussão sobre o Plano. Para ele, o país pode aprovar um PNE muito melhor que o anterior e melhor ainda do que o Governo apresentou ao Congresso. “O PNE deve ser o articulador do sistema nacional de educação, sendo que em 1988 não conseguimos cravar esse conceito na Constituição. O Plano traz a perspectiva de concretizar o regime de colaboração. Também traz a possibilidade de trabalhar a educação de modo sistêmico, da creche à pós-graduação, não como algo resolvido, mas como um caminho cheio de desafios”.
Outros caminhos para avaliação – Foi apontada como equivocada pelos três palestrantes a menção direta ao Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e ao Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) na meta 7, propondo o uso de indicadores provenientes desses instrumentos para medir a qualidade da educação. Ronca considera que é preciso mais reflexão para chegar a outros mecanismos para se auferir desempenho de aprendizagem. “Sou contra a inão do Pisa no PNE, como também do Ideb, que ainda não foi suficientemente amadurecido e que não deveria constar do texto de uma lei”.
Chagas, em diálogo com Ronca, questionou a idéia de inclusão do Ideb como meta no Plano. “A Conae aprovou a construção de um sistema nacional de avaliação da educação básica, que vá além da mensuração do fluxo e da aprendizagem, considerados pelo Ideb. O Ideb é importante, foi um avanço, mas podemos avançar ainda mais”, defendeu.
Fonte: Campanha Nacional pelo Direito à Educação